No nosso dia-a-dia lidamos com muitas soluções as quais muita das vezes
antes de utilizá-las é necessário diluí-las. Um exemplo comum em que aplicamos
a diluição no nosso quotidiano é quando preparamos um sumo (suco). Normalmente,
nos mercados e supermercados o sumo (suco) de fruta que é vendido vem sempre
concentrado, o que na linguagem corrente diríamos muito açucarado e para
pudermos tomar ou beber este sumo (suco) é necessário torná-lo pouco açucarado
(pouco concentrado) e para tal, em casa nós costumamos adicionar um pouco de
água a este sumo (suco), pois deste modo sabemos que passará a ser menos
açucarado (menos concentrado) ficando assim pronto para ser consumido. Em
Química este processo chamamos de Diluição.
Viu só como a Química
está presente na nossa vida?
DILUIÇÃO
A diluição consiste na adição de um solvente puro a uma solução com o objectivo de
diminuir a sua concentração.
Para entendermos como é feita a diluição, imaginemos que temos num copo uma determinada solução, assim neste copo temos um certo volume de solução, o qual passamos a chamar de V1, uma determinada concentração desta solução, a qual chamamos de C1. Visto tratar-se de uma solução significa que temos um soluto dissolvido, pois sabe-se que uma solução é preparada dissolvendo-se uma certa quantidade de soluto num determinado volume de solvente ou solução. Portanto, no copo temos o volume, V1, a concentração, C1 e uma quantidade de soluto dissolvido que neste caso é expressa em termos de massa, que chamamos de m1.
Se no mesmo copo adicionarmos certa quantidade de solvente (água, por
exemplo) o volume da solução vai aumentar e deste modo passamos a ter outro
volume que neste caso chamaremos de V2 e pela definição que acabamos de ver, ao acrescentarmos um solvente a uma solução a sua concentração
altera-se, o que significa que neste copo uma vez adicionado o solvente a
concentração da solução alterou-se o que implica que temos agora uma nova concentração, a qual chamaremos de
C2:
Portanto, a massa do soluto antes e depois da diluição da solução pode ser determinada da seguinte maneira:
Conforme
dissemos, na solução que está no copo temos lá certa quantidade de soluto
dissolvido. No entanto, ao adicionarmos o solvente a esta solução significa que
o volume aumenta e a concentração altera-se tal como foi explicado acima, porém
a quantidade de
soluto dissolvido não muda, permanece a mesma quantidade, assim
podemos escrever:
Quantidade
de soluto no início = quantidade de soluto no fim
ou podemos
escrever ainda:
m1 = m1
No entanto,
acabamos de ver que m1 = C1 ∙ V1 e m1 = C2 ∙ V2
e agora substituindo na igualdade
acima teremos:
C1
∙ V1 = C2 ∙ V2
Chegamos assim à
fórmula da diluição.
A fórmula acima
em termos de significado mostra-nos que a concentração
e o volume são inversamente proporcionais, ou seja, quando o volume aumenta, a
concentração diminui e vice-versa.
A fórmula acima
também é válida quando trata-se da concentração
em quantidade de matéria, normalidade, etc. Assim teremos:
M1 ∙ V1
= M2 ∙ V2 & N1 ∙ V1 = N2
∙ V2
Contudo, uma
atenção especial deve ser dada ao volume final da solução (V2 ou Vf),
isto é, ao volume após a diluição da solução (volume da solução diluída). Na
diluição o volume final resulta da soma do volume inicial da solução (V1)
e do volume do solvente adicionado (Va):
V2 = V1 + Va
Onde: V2
é o volume final da solução; V1
é o volume inicial da solução e Va
é o volume do solvente adicionado.
Até aqui estivemos a explicar o processo de diluição, no entanto, é também
possível efectuar um processo inverso a
Diluição, o qual é denominado de Concentração.
É um processo oposto à diluição isto porque ao invés de se acrescentar um
solvente a uma solução de modo que o volume da mesma aumente e a concentração
diminua, neste caso, diminui-se o volume da solução por meio da evaporação do
solvente, consequentemente a concentração da solução aumenta. Este processo
geralmente é feito nos laboratórios por meio do aquecimento da solução desde
que o soluto não seja volátil e nem inflamável. Contudo, as fórmulas que vimos acima continuam
válidas para qualquer um dos casos.
EXEMPLOS (EXERCÍCIOS RESOLVIDOS)
Exemplo 1: Adicionam-se 300 mL de água a 200 mL de uma solução de
0,5 N de Ácido Sulfúrico. Qual é a
normalidade da solução resultante?
A. 0,02 N
B. 0,04 N
C. 0,2 N
D. 0,4 N
RESOLUÇÃO
Esta questão é típica da
diluição e conforme podemos perceber pelo enunciado, diz-se que "adicionam-se 300 mL de água a (...)"
o que significa que uma determinada quantidade de solvente é adicionada à
solução e claro espera-se que a concentração da solução diminua:
Dados
V1 = 200 mL
N1 = 0,5 N
Va = 300 mL
N2 = ?
A questão quer saber qual
será a nova concentração da solução após a adição dos 300 mL de água, para tal
vamos usar a fórmula da diluição:
N1 ∙ V1
= N2 ∙ V2
Lembre-se que o V2 é a soma de V1 e Va, assim vamos calcular o volume final da solução (V2):
V2 = V1
+ Va
V2 = 200 mL +
300 mL
V2 = 500 mL
Por fim podemos substituir os dados que temos na fórmula:
N1 ∙ V1
= N2 ∙ V2
0,5 N ∙ 200 mL = N2
∙ 500 mL
N2 = 0,5 N ∙ 200 mL
500 mL
N2 = 100
500
N2 = 0,2 N
A concentração da solução
resultante, isto é, após a diluição é de 0,2 N.
Resposta: alternativa: C
Exemplo 2: Diluindo-se 200 mL de solução 5 molar de ácido
sulfúrico, a 250 mL, qual será a molaridade final?
RESOLUÇÃO
Neste caso estamos a
tratar da concentração em quantidade de matéria ou molaridade (M), portanto, a
fórmula a usar será:
M1 ∙ V1
= M2 ∙ V2
Tirando os dados temos:
M1 = 5 molar
ou 5 mol/L
V1 = 200 mL
V2 = 250 mL
M2 = ?
Note uma coisa, neste
caso não vai ser necessário calcular ao volume final como fizemos no exercício
do exemplo 1, pois o volume final já nos é dado, o que faremos agora é apenas
aplicar a fórmula:
M1 ∙ V1
= M2 ∙ V2
5 mol/L ∙ 200 mL = M2 ∙ 250 mL
M2 = 5 mol/L ∙ 200 mL
250 mL
M2 = 4 mol/L
Portanto, a molaridade
final da solução é igual a 4 mol/L ou 4 molar.
Exemplo 3: (UERJ) Diluição é uma operação muito empregada no nosso
dia-a-dia, quando, por exemplo, preparamos um refresco a partir de um suco
concentrado. Considere 100 mL de determinado suco em que a concentração do
soluto seja 0,4 mol/L.
O volume de água, em mL
que deverá ser acrescentado para que a concentração do soluto caia para 0,04
mol/L será de:
A. 1000
B. 900
C. 500
D. 400
RESOLUÇÃO
Esta é também uma questão
que envolve diluição, no entanto, neste caso ao invés de se pedir a
concentração após a adição de um solvente a uma solução, a questão pede a
quantidade de água (solvente) que se deve adicionar a solução de modo a
diminuir a sua concentração.
Dados
V1 = 100 mL
M1 = 0,4 mol/L
V2 = ?
M2 = 0,04
mol/L
Para resolvermos esta
questão teremos que efectuar dois cálculos simples. Notem que dos nossos dados
não temos o volume final, portanto, primeiro vamos calcular o volume final da
solução, usando a fórmula que já vimos:
M1 ∙ V1
= M2 ∙ V2
0,4 mol/L ∙ 100 mL = 0,04
mol/L ∙ V2
V2 = 0,4 mol/L ∙ 100 mL
0,04 mol/L
V2 = 1000 mL
Lembre-se que
queremos o volume da água e não o volume final. Portanto, agora sim é que vamos
determinar o volume da água. Lembrando ainda que o volume final é dado por:
V2 = V1
+ Va
1000 mL = 100 mL + Va
Va = 1000 mL –
100 mL
Va = 900 mL
Portanto, o volume de
água que deverá ser acrescentado para que a concentração do soluto caia para
0,04 mol/L será de 900 mL.
Resposta: alternativa: B
Exemplo 4: (UEPI - Adaptada) A uma amostra de 100 mL de NaOH foi
adicionada água suficiente para completar 500 mL. A concentração dessa nova
solução é igual a 4 g/L. Determine a concentração, em g/L, da solução usada
para preparar esta nova solução:
A. 2
B. 3
C. 4
D. 5
E. 20
RESOLUÇÃO
Este exercício é um pouco
diferente daqueles que vínhamos resolvendo. Neste caso, pede-se para determinar
a concentração da solução inicial que foi usada para preparar uma outra
solução.
Dados
C1 = ?
V1 = 100 mL
C2 = 4 g/L
V2 = 500 mL
Neste caso simplesmente
iremos aplicar a fórmula da diluição, substituindo os dados e isolando a
concentração inicial.
C1 ∙ V1
= C2 ∙ V2
C1 ∙ 100 mL =
4 g/L ∙ 500 mL
C1 = 4 g/L ∙ 500 mL
100 mL
C1 = 2000
100
C1 = 20 g/L
Portanto, a concentração da
solução usada para preparar esta nova solução é de 20 g/L.
Resposta: alternativa: E
Nota: Ao efectuar os cálculos é importante que os volumes
estejam na mesma unidade!
Por: Miguel Pascoal
Licenciado em Ensino de Química
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