Tal como dissemos acima os expoentes que aparecem na expressão da lei cinética ou lei de velocidade são determinados experimentalmente.
Assim, consideremos o seguinte exemplo:
Exemplo 1
O estudo da cinética da reacção: 2N2O5(g) → 4NO2(g) + O2(g) revelou os seguintes dados experimentais que encontram-se tabelados.
[N2O5]
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Velocidade (mol/l/h)
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0,010
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0,016
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0,020
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0,032
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0,030
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0,048
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Escreva a expressão da lei de velocidade.
Neste caso, como ainda não sabemos qual é a ordem da reacção em relação ao N2O5 vamos considerá-lo “y”:
V = k · [N2O5]y
O que temos que fazer agora é descobrir com base nos dados experimentais da tabela o valor de y. Observe:
Na tabela, vemos que saindo de 0,010 à 0,020 a concentração de N2O5 está a duplicar (aumenta duas vezes) e olhando para velocidade vemos que saindo de 0,016 a 0,032, a velocidade também está a duplicar (aumenta duas vezes). E isso nos leva a concluir que a velocidade da reacção é proporcional a concentração de N2O5, ou seja, a concentração de N2O5, está elevada ao expoente 1.
Analisando ainda a concentração de N2O5, vemos que saindo de 0,010 à 0,030 a concentração está a triplicar (aumenta três vezes) e olhando para a velocidade vemos que saindo de 0,016 à 0,048, a velocidade também aumenta três vezes. Portanto, a velocidade da reacção é proporcional a concentração de N2O5, ou seja, a concentração de N2O5, está elevada ao expoente 1.
Mas vamos ilustrar isso de forma analítica:
Assim, concluímos que de facto o valor de y é 1, deste modo a expressão da lei de velocidade fica:
V = k · [N2O5]1 ou V = k · [N2O5]
Exemplo 2:
Para a reacção Na2S2O3(aq) + 2HCl(aq) → 2NaCl(aq) + S(s) + SO2(g) + H2O(l) obtiveram-se os seguintes dados experimentais:
Experiências
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[Na2S2O3]
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[HCl]
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Velocidade em M/s
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I
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0,02
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0,1
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2,9 · 10-3
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II
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0,04
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0,1
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5,8 · 10-3
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III
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0,02
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0,2
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1,16 · 10-2
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Determine a expressão da lei de velocidade.
Neste caso, os dados da tabela são de dois reagentes diferentemente do exemplo 1 que tínhamos apenas um reagente. Para casos desta natureza temos que seguir algumas regras as quais são:
- Escolher duas experiências;
- Nessas experiências a concentração de um dos reagentes deve ser constante (não variar) e a concentração do reagente que queremos determinar a sua ordem deve variar.
Como ainda não sabemos quais são os expoentes de [Na2S2O3] e [HCl], vamos considerá-los “a” e “b” respectivamente:
V = k.[Na2S2O3]a . [HCl]b
Portanto, temos que determinar os valores de “a” e “b” com base nos dados da tabela.
Ordem da reacção em relação a Na2S2O3
V = k · [Na2S2O3]a
Para podermos determinar a ordem da reacção em ao Na2S2O3 temos que escolher as experiências I e II, pois nestas duas experiências a concentração do HCl é constante e concentração do Na2S2O3 está a variar.
Analisando os dados da tabela, é possível ver que da experiência I para a experiência II a concentração de HCl é constante, ou seja, não varia, porém, a concentração do Na2S2O3 está a variar, pois “sai” de 0,02 à 0,04. Neste caso, da experiência I para a experiência II a concentração do Na2S2O3 está a duplicar, ou seja, aumenta duas vezes. E olhando agora à velocidade, vemos que saindo da experiência I para a experiência II a velocidade está a duplicar, ou seja, aumenta 2 vezes e por via disso concluímos que a velocidade da reacção é directamente proporcional a concentração do Na2S2O3, portanto, a concentração do [Na2S2O3] está elevada ao expoente 1.
Mas vamos ilustrar isso de forma analítica:
Expressão geral: V = k.[Na2S2O3]a . [HCl]b
Experiência I: 2,9 ∙ 10-3 = k · (0,02)a · (0,1)b
Experiencia II: 5,8 ∙ 10-3 = k · (0,04)a · (0,1)b
Fazendo a relação entre as duas velocidades, ou seja, entre a velocidade maior pela menor teremos a seguinte situação:
Assim, descobrimos que o valor de “a” é 1, logo a ordem da reacção em relacão ao reagente Na2S2O3 é 1, assim podemos escrever:
V = k · [Na2S2O3]1 ou V = k · [Na2S2O3]
Ordem da reacção em relação a HCl
V = k · [HCl]b
Neste caso, para podermos determinar a ordem da reacção em relação ao HCl temos que escolher as Experiências I e II, pois nestas duas experiências a concentração do Na2S2O3 é constante e concentração de HCl está a variar.
Analisando os dados da tabela, é possível ver que da experiência I para a experiência III a concentração do Na2S2O3 é constante, ou seja, não varia, porém, a concentração do HCl está a variar, pois “sai” de 0,1 à 0,2. Neste caso, da experiência I para a experiência III a concentração do HCl está a duplicar, ou seja, aumenta duas vezes. E olhando agora à velocidade, vemos que saindo da experiência I para a experiência III a velocidade está a quadruplicar, ou seja, aumenta 4 vezes e por via disso concluímos que a velocidade da reacção é directamente proporcional ao quadrado da concentração de HCl, portanto, a concentração de [HCl] está elevada ao expoente 2.
Mas vamos ilustrar isso de forma analítica:
Expressão geral: V = k.[Na2S2O3]a . [HCl]b
Experiência I: 2,9 ∙ 10-3 = k · (0,02)a · (0,1)b
Experiencia III: 1,8 ∙ 10-2 = k · (0,02)a · (0,2)b
Fazendo a relação entre as duas velocidades, ou seja, entre a velocidade maior pela menor teremos a seguinte situação:
Assim, descobrimos que o valor de “b” é 2 , logo a ordem da reacção em relação ao reagente HCl é 2, assim podemos escrever:
V = k · [HCl]2
Portanto, a expressão da Lei de Velocidade para esta reacção é:
2 Comentários
Bom dia , gostaria de saber que se o exercício pedisse para eu calcular a Constante enquanto que tenho a expressão e a tabela , como é que prossigo com os cálculos ?
ResponderEliminarEscolho uma experiência qualquer ou tenho que ter cautela nesse processo também ....
Saudações!
EliminarPrimeiro tens que determinar a expressão da lei de velocidade. Assim, para calcular a constante de velocidade (k) escolhe-se qualquer uma das experiências.
Por se tratar de uma constante o valor será o mesmo independente da experiência considerada.