CÁLCULO DAS CONCENTRAÇÕES NO EQUILÍBRIO
O cálculo das concentrações no equilíbrio ou cálculos das quantidades
no equilíbrio é de extrema importância isto porque só com as
concentrações no equilíbrio podemos calcular o valor da constante de equilíbrio
Kc. Por si só o valor de Kc quando comparado ao quociente da reacção (Qc) nos
permite observar se a reacção está em equilíbrio ou não. Para melhor
entendermos como esses cálculos são feitos, consideremos o exemplo abaixo:
EXEMPLO
Em um recipiente
de 2 L foram colocados 4,0 mol de PCl5 a uma dada temperatura. Nessa
temperatura, o pentacloreto de fósforo se decompõe em tricloreto de fósforo e
Cloro, conforme a equação abaixo:
PCl5(g) ⇌ PCl3(g)
+ Cl2(g)
Depois de atingido o equilíbrio, verifica-se que no recipiente a
concentração de Cl2 é 0,8 mol/L. Calcule a constante de equilíbrio
(Kc).
RESOLUÇÃO
Em primeiro lugar, para calcularmos a constante de equilíbrio (Kc),
temos que ter as concentrações no equilíbrio, e neste caso não nos são dadas as
conmcentrações no equiíbrio de todas substâncias, portanto vamos calculá-las:
CÁLCULO DAS CONCENTRAÇÕES
NO EQUILÍBRIO OU QUANTIDADES NO EQUILÍBRIO
Como temos 4 mol de PCl5 e o volume do recipiente, então vamos calcular a concentração molar do PCl5 :
Para resolvermos exercícios deste tipo é imperioso usarmos uma tabela, ou seja,
sempre que quisermos resolver exercícios deste tipo temos que usar uma tabela,
na qual são ilustradas 3 situações, que são: início, reagiu ou formou e equiliíbrio. Observe a tabela abaixo:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
|
|
|
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
|
|
No início vamos colocar as quantidades iniciais, como no início ainda
não temos as concentrações dos produtos, pois a reacção ainda não ocorreu,
logo, as concentrações de PCl3 e Cl2 são nulas, ou seja,
iguais a zero (0). O que existe no inicio são os reagentes, e neste caso temos
o reagente PCl5, pelo que os 2 mol/L conforme calculamos acima
correspondem a concentração de PCl5 no início, então vamos colocar
estes dados na tabela logo na primeira linha:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
|
|
Feita esta parte, sabemos que no equilíbrio temos 0,8 mol/L de Cl2,
então vamos colocar este dado na terceira linha:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
|
0,8 |
Como no início não havia nada de Cl2 e no equilíbrio temos
0,8 mol/L de Cl2, então concluímos que formou-se 0,8 mol/L de Cl2,
então vamos colocar este dado na segunda linha:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
|
0,8 |
Equiliíbrio |
|
|
0,8 |
Agora vamos calcular a
quantidade de PCl5 que reagiu e de PCl3 que formou-se.
Para isso vamos usar os coeficientes estequiométricos da nossa equação, cuja
proporção é: 1 : 1 : 1.
QUANTIDADE DE PCl5 QUE REAGIU:
Pela
equação:
PCl5(g)
⇌ PCl3(g) + Cl2(g)
1 mol PCl5 __________ 1 mol Cl2
X PCl5 ______________
0,8 mol/L Cl2
1 mol PCl5 ∙ 0,8 mol/L Cl2 = X ∙ 1 mol Cl2
X = 0,8 mol/L de PCl5
QUANTIDADE DE PCl3 QUE SE FORMOU:
Pela equação:
PCl5(g) ⇌ PCl3(g)
+ Cl2(g)
1 mol de PCl3 _________ 1 mol de Cl2
Y de PCl3 ________ 0,8 mol/L de Cl2
1 mol de PCl3
∙ 0,8 mol/L de Cl2 = Y de PCl3
∙ 1 mol de Cl2
Y = 0,8 mol/L de PCl3
Bom, já que reagiram 0,8 mol/L
de PCl5 e se formaram 0,8 mol/l de PCl3, então vamos
colocar estes dados na segunda linha:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
0,8 |
0,8 |
0,8 |
Equiliíbrio |
|
|
0,8 |
Sabemos que quando uma reacção química ocorre, os reagentes são
consumidos e os produtos vão sendo formados, portanto, a quantidade dos
reagentes vai diminuindo e a dos produtos aumentando.
Então para acharmos as concentrações no equilíbrio, no caso dos reagentes, da quantidade ou conentração
inicial vamos subtrair
a quantidade que reagiu. E no caso dos produtos vamos adicionar ou somar a quantidade quantidade inicial e a quantidade que se formou.
Na quantidade que reagiu (da segunda linha) nos reagentes, vamos colocar
esse valor com sinal negativo, isto mostra-nos que da quantidade que tínhamos
no início foi consumida a quantidade que reagiu. Já para os produtos, da
quantidade que se formou (segunda linha) vamos colocar esses valores positivos.
Observe a tabela:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
– 0,8 |
+ 0,8 |
+ 0,8 |
Equiliíbrio |
|
|
0,8 |
ATENÇÃO!
Sempre que for
reagente ou forem reagentes subtraimos e quando for produto ou forem produtos
somamos ou adicionamos.
Portanto, os resultados das
operações acima ilustradas, são as concentrações no equilíbrio ou quantidades
no equilíbrio:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
– 0,8 |
+ 0,8 |
+ 0,8 |
Equiliíbrio |
2 – 0,8 = 1,2 |
0 + 0,8 = 0,8 |
0 + 0,8 = 0,8 |
Portanto:
Fases da reacção |
[PCl5] |
[PCl3] |
[Cl2] |
Início |
2 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
– 0,8 |
+ 0,8 |
+ 0,8 |
Equiliíbrio |
1,2 |
0,8 |
0,8 |
Tendo já as
concentrações no equilíbrio, podemos calcular a constante de equilíbrio (Kc):
observe:
DADOS
[PCl5] = 1,2 mol/L
[PCl3]
= 0,8 mol/L
[Cl2] =
0,8 mol/L
A constante de equilíbrio em função das concentrações é o produto das concentrações dos produtos, dividido pelo produto das concentrações dos reagentes onde cada concentração está elevada a seu coeficiente estequiométrico da equação química.
EXERCÍCIO RESOLVIDO:
Dada a equação da reação: 2HI(g)
⇌ H2(g) + I2(g)
A reacção inicia com 0,100 mol/L de HI. No estado de equilíbrio estavam
presentes 0,010 mol/L de H2.
A. quais são as concentrações de HI e I2 no estado de equilíbrio?
B. Calcule a Constante de equilíbrio (Kc):
RESOLUÇÃO
Para resolver questões deste tipo é imperioso usar uma tabela, na qual ilustraremos
3 fases, as quais são: início, quantidade que reagiu/formou e equilíbrio,
Observe a tabela abaixo:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
|
|
|
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
|
|
Já temos as três fases ilustradas na tabela, então vamos continuar. Como
podemos observar a primeira linha será preenchida pelas quantidades iniciais.
Como a reacção ainda não ocorreu então ainda não temos produtos, logo a concentração
dos produtos no início é nula, ou seja, é igual a zero (0). O que existe no
início são os reagentes, e o exercício diz que temos no início 0,100 mol/L de
HI, então vamos começar a preencher a nossa tabela:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
|
|
O exercício informa-nos ainda que temos no estado de equilíbrio, 0,010
mol/L de H2, portanto esta concentração será colocada na terceira
linha:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
|
|
Equiliíbrio |
|
0,010 |
|
Bom, sabemos que no equilíbrio restam 0,010 mol/L de H2, mas como no
início não tínhamos nenhuma concentração de H2, o que nos leva a
concluir que se formaram 0,010 mol/L de H2, isto é lógico se no início
não havia nada e no fim temos 0,010 mol/L de H2, logo esta mesma
quantidade é que se formou, portanto, vamos colocar este valor na segunda
linha:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
|
0,010 |
|
Equiliíbrio |
|
0,010 |
|
Agora para achar as quantidades de HI e I2 vamos usar os coeficientes estequiométricos
da equação, para isso vamos usar a Regra de três simples.
Como sabemos que formaram-se 0,010 mol/L de H2 então a partir
desta concentração vamos calcular as quantidades de HI e I2:
QUANTIDADE DE HI QUE
REAGIU:
2HI ⇌ H2 + I2
A equação química mostra-nos a
seguinte proporção: 2:1:1
2 mol de HI ___________ 1 mol
de H2
X mol/L _______________ 0,010 mol/L
X = 0,020 mol/L de HI.
QUANTIDADE DE I2 QUE SE FORMOU
Considerando as mesmas
proporções estequiométricos dadas pela equação: 2:1:1, temos que:
1 mol de H2 está pra 1 mol de I2, logo 0,010 mol/L de H2
estão pra X de I2, então podemos escrever:
1 mol de H2 __________ 1 mol
de I2
0,010 mol/l ___________ X
X = 0,010 mol/L de I2
Portanto já sabemos que
reagiram 0,020 mol/L de Hi e formou-se 0,010 mol/l de I2. Então
colocaremos estes valores na segunda linha:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
0,020 |
0,010 |
0,010 |
Equiliíbrio |
|
0,010 |
|
Se reagiu 0,020 mol/l de HI sendo que no início tínhamos 0,100 mol/ de HI, que
quantidade de HI restou no equilíbrio? Bom, como sabemos numa reacção química
os reagentes vão sendo consumidos à medida que os produtos vão se formando,
portanto, do valor inicial de HI, 0,100 mol/L vamos subtrair a quantidade de HI
que reagiu: 0,100 – 0,02 = 0,08, portanto, concluímos que no
equilíbrio restaram 0,08 mol/L de HI.
Já para o caso do I2, como no início não havia nada , então
chega-se a conclusão de que formou-se 0,010 mol/L de I2 e a mesma
quantidade restou no equilíbrio.
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
- 0,020 |
+ 0,010 |
+ 0,010 |
Equiliíbrio |
0,100 – 0,020 |
0 + 0,010 |
0 + 0,010 |
Portanto:
Fases da reacção |
[HI] |
[H2] |
[I2] |
Início |
0,100 |
0 |
0 |
Reagiu/formou |
- 0,020 |
+ 0,010 |
+ 0,010 |
Equiliíbrio |
0,08 |
0,010 |
0,010 |
Como viu achamos as concentrações no equilíbrio, então vamos escrever a
resposta
A. As concentrações no equilíbrio são: [HI],= 0,08 mol/L e [I2] =
0,010 mol/L.
B. A constante
de equilíbrio relaciona a concentração dos produtos e a concentração dos reagentes:
2HI ⇌ H2 + I2
EXERCÍCIOS PARA RESOLVER:
Com estes
exercícios pretendo fazer com que você pratique o que você aprendeu com este
post, por isso deixarei aqui somente as respostas dos exercícios, isto para
teres a certeza de que os teus cálculos estão ou não correctos, portanto, siga
todos os passos acima explicados para uma resolução correcta.
EXERCÍCIO
- 1:
EXAME
DE QUÍMICA DA 12a CLASSE DO ESG DE MOÇAMBIQUE - 2014 - 1a
Época nr: 19:
Num recipiente vazio de 400 cm3 introduziram-se 2,0 moles de
um composto “X”, 10 moles de composto “L” e 1,5 moles do composto “Y” a uma
determinada temperatura. Fechou-se o recipiente e aguardou-se que fosse atingido
o equilíbrio traduzido por :
L(s)
+ 3X(g) ⇌ 2Y(g)+ 2W(g).
No estado de
equilíbrio estavam presentes 0,32 moles de W.
Qual é o valor
da constante de equilíbrio?
A 0,24
B 0,30 C 0,34 D 0,40
Resposta: alternativa:
A.
Dica: não use a
concentração do "L" no cálculo do Kc pois está no estado sólido. E
substâncias no estado sólido não "entram" na expressão de Kc pois têm
concentração constante.
EXERCÍCIO - 2:
EXAME
DE QUÍMICA DA 12a CLASSE DO ESG DE MOÇAMBIQUE - 2014 - 1a
Época nr: 22
Num
recipiente de 2,0 dm3, estão em equilíbrio 8,0 moles de PCl5,
6,0 moles de Cl2 e 12,0 moles de PCl3, segundo a equação:
PCl5(g) ⇌ PCl3(g) + Cl2(g).
Qual é o valor
da constante de equilíbrio?
A 0,11
B 0,22
C 4,5
D 9
Resposta: alternativa:
C
EXERCÍCIO - 3:
EXAME
DE QUÍMICA DA 12a CLASSE DO ESG DE MOÇAMBIQUE - 2014 - 2a
ÉPOCA - Questão 22:
Num
recipiente de volume 10 dm3 põe-se 0,50 moles de N2O4.
O equilíbrio que se estabelece é N2O4(g) ⇌ 2NO2.
No estado de equilíbrio restam ainda 0,10 moles de N2O4.
Qual é a
constante de equilíbrio?
A Kc = 6,5.10-2
mol.dm3 C Kc = 6,0.10-1 mol.dm3
B Kc = 6,4.10-2
mol.dm3 D Kc = 6,0.10-2 mol.dm3
Resposta: alternativa:
B.
EXERCÍCIO
- 4:
Uma mole da
substância A reage com uma mole de substância B, estabelecendo-se o seguinte
equilíbrio: A + B ⇌ C + D. Quando se alcança o estado de
equilíbrio verifica-se 3/4 de cada um dos reagentes transforma-se em C e D.
Calcule a constante de equilíbrio.
Resposta: Kc = 9
EXERCÍCIO
- 5:
Considere o
seguinte equilíbrio: N2O4(g) ⇌ 2NO2(g)
. Numa detrerminada experiência colocou-se 0,625 moles de N2O4
num recipiente de 5 litros. A concentração dessa substância (N2O4)
no equilíbrio foi de 0,075M. Calcule a constante de equilíbrio.
Resposta: Kc
= 0,13.
REVISÃO: 10/11/2020
3 Comentários
Gostei muito mas tou a pedir resolução de número 19 de exame de 2014 1época
ResponderEliminargostei mas precisa mostrar passo a passo porque nao vale mostrar a opçao, enquanto de onde vem nao sabemos
ResponderEliminarA explicação já foi dada acima, o que você precisa é só seguir os passos e resolver os exercícios propostos apenas.
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