RESOLUÇÃO DO EXAME DE ADMISSÃO À UEM – 2020 - QUÍMICA


PRÉ-QUÍMICO
RESOLUÇÃO DO EXAME DE ADMISSÃO À UEM – 2020 - QUÍMICA

1. Analise as afirmações seguintes sobre a velocidade das reacções e indique a afirmação incorrecta.
A . Quanto menor for a temperatura, maior será a velocidade de uma reacção
B . O aumento da temperatura aumenta a velocidade tanto da reacção endotérmica quanto da reacção exotérmica;
C . A velocidade de um reagente no estado sólido é menor que no estado líquido;
D . A diferença energética entre os produtos e os reagentes é chamada de entalpia
E . A velocidade de uma reacção depende da natureza do reagente.

Resolução

Para sabermos qual das afirmações é incorrecta temos que analisar cada alternativa (justificaremos somente a incorrecta).

A . INCORRECTA

Na verdade, quanto MENOR for a temperatura, MENOR é a velocidade da reacção. Isso acontece porque quando se diminui a temperatura, a energia cinética das partículas reagentes também diminui e como consequência as partículas reagentes passam a se movimentar com menor velocidade, o que implica na diminuição do número de choques por segundo (frequência das colisões) mas também diminui a energia com que as partículas reagentes se chocam, consequentemente diminui também a probabilidade de ocorrêcia de choques efectivos (colisões eficazes), assim diminui a velocidade da reacção.

O contrário também é possível, ou seja, quanto MAIOR for a temperatura MAIOR é a velocidade da reacção. Assim, ao se aumentar a temperatura do sistema onde encontram-se estas moléculas a reagir a sua energia cinética aumenta, o que significa que as moléculas passam a se movimentar com maior velocidade o que aumenta o número de choques por segundo (frequência das colisões) mas também aumenta a energia com que essas moléculas colidem (se chocam), o que implica numa maior probabilidade de ocorrência de colisões efectivas aumentando assim a velocidade da reacção. E isto está de acordo com a Teoria das Colisões.

B. CORRECTA
C. CORRECTA
D. CORRECTA
E. CORRECTA

Como o exercício pedia para identificar a afirmação incorrecta e neste caso a afirmação incorrecta encontramos na alternativa  A.

Resposta: alternativa: A

2 . Na equação química de decomposição do peróxido de hidrogénio abaixo indicada, temos a formação de água líquida e oxigénio gasoso. Utilizando os dados da tabela fornecida, calcule a velocidade média de decomposição do peróxido de hidrogénio entre 0 e 10 minutos.
H2O2(aq) H2O(l) + 1/2O2(g)
Tempo
H2O2 mol/L
0
0,8
10
0,5

A . 2 x 10-4 mol.L-1.s-1
B . 3 x 10-4 mol.L-1.s-1
C . 4 x 10-4 mol.L-1.s-1
D . 5 x 10-4 mol.L-1.s-1
E . 3 x 10-2 mol.L-1.s-1

Resolução
A velocidade média de uma reacção é definida como sendo a alteração (variação) da concentração de um dos reagentes ou produtos, em um intervalo de tempo.

Dado que é comum na Matemática usarmos o delta (∆) para indicar a variação, assim podemos escrever:
Onde:

  • ∆ [ ] = Concentração final  Concentração inicial
∆ [ ] = [ ]final   [ ]inicial
  • ∆t = tempo final – tempo inicial
∆t = tfinal – tibicial               



Você até poderia pensar que a alternativa correcta é E mas ela está errada. Note que acima calculamos a velocidade média em mol/L.min mas o exercício pede para calcularmos a velocidade em mol/L.s ou mol.L-1.s-1. Portanto, antes de mais nada temos que converter o tempo dado em minutos para segundos:



Resposta: alternativa: D

3 . No estudo cinético de uma reacção representada por: 2A(g) + B2(g) 2AB(g) colocou-se os seguintes dados:

Concentração inicial [A] mol/L
Concentração inicial [B2] mol/L
Velocidade inicial
(mol.l-1.s-1)
0,10
0,10
2,53 x 10-6
0,10
0,20
5,06 x 10-6
0,20
0,10
10,01 x 10-6

A velocidade da reacção pode ser expressa pela equação:
A . v = k 2[A]
B . v = k [B2]2
C . v = k [A] [B2]
D . v = k [A]2 [B2]
E . v = k [A] [B]2

Resolução

De um modo geral, casos desta natureza são de reacções consideradas não elementares, por isso, não podemos usar os coeficientes estequiométricos da equação química na expressão da Lei de Velocidade antes de efectuarmos a análise correcta dos dados da tabela dada.
Como temos uma tabela que nos fornece dados experimentais então temos que determinar a ordem de cada um dos reagentes.

Então vamos escrever a expressão da Lei de Velocidade colocando incógnitas como ordem de cada um dos reagentes, assim temos:

V = k · [A]m · [B2]n

ATENÇÃO: na tabela incluímos a parte das Experiências só para tornar didáctica a explicação. Os dados originais do exercício foram mantidos:


Agora vamos determinar os valores de m e n, ou seja, determinar a ordem da reação em relação a A e a B2:

Ordem do reagente A

Para determinar a ordem do reagente A vamos escolher as experiências I e III, visto que nestas experiências a concentração do outro reagente, ou seja, do B2 é constante e a concentração do A variou.


Agora note que nas experiências I e III a concentração do B2 é constante e a concentração do A está a variar. Agora perceba que da experiência I para experiência III a concentração do A está a duplicar, ou seja, aumenta duas vezes e agora olhando para a velocidade, vemos que quando a concentração do A duplica, a velocidade da reacção quadruplica, ou seja, aumenta 4 vezes,  então concluímos que a velocidade da reacção é directamente proporcional ao quadrado da concentração de A, logo  a ordem da reacção em relação a A é 2.
Mas podemos ilustrar isso de forma analítica, assim teremos:
Expressão geral:  V = k · [A]m · [B2]n
Experiência I:   2,53 x 10-6 = k .(0,10)m . (0,10)n
Experiencia III:  10,01 x 10-6 = k .(0,20)m . (0,10)n

Então fazendo a relação entre as duas velocidades, ou seja, entre a velocidade maior pela menor teremos a seguinte situação:



Ordem do reagente B2
Usando o mesmo raciocínio, para determinarmos a ordem do reagente B2 vamos escolher as experiências I e II isto porque nestas duas experiências a concentração do A é constante e a concentração do B2 variou.

Note que nas experiências I e II a concentração do A é constante e a concentração do B2 está a variar. Agora perceba que da experiência I para a experiência II a concentração do B2 duplicou, ou seja, aumentou duas vezes e a olhando para a velocidade, vemos que quando a concentração do B2 duplica (aumenta duas vezes) a velocidade aumenta duas (2) vezes, então, concluímos que a velocidade da reacção é directamente proporcional a concentração de B2, logo, a ordem da reacção em relação a B2 é 1.

Mas podemos ilustrar isso de forma analítica, assim teremos:
Expressão geral:  V = k · [A]m · [B2]n
Experiência I:   2,53 x 10-6 = k .(0,10)m . (0,10)n
Experiencia II:  5,06 x 10-6 = k .(0,10)m . (0,20)n

Então fazendo a relação entre as duas velocidades, ou seja, entre a velocidade maior pela menor teremos a seguinte situação:


Como m = 2 e n = 1, assim, a expressão da lei de velocidade é:
V = k · [A]2 · [B2]1 ou V = k · [A]2 · [B2]

Resposta: alternativa: D

4 . O equilíbrio de dissociação do H2S gasoso é representado pela equação:
2H2S(g) 2H2(g) + S2(g) . Em um recipiente de 2,0 dm3, estão em equilíbrio 1,0 mol de H2S, 0,20 mol de H2 e 0,80 mol de S2 . Qual o valor da constante de equilíbrio Kc ?
A . 0,016
B . 0,032
C . 0,080
D . 12,5
E . 62,5

Resolução

Kc é a constante de equilíbrio em função das concentrações (mol/L), sendo definida como o produto das concentrações dos produtos, dividido pelo produto das concentrações dos reagentes onde cada concentração está elevada a seu coeficiente estequiométrico da equação química.
Portanto, para a reacção:

2H2S(g) 2H2(g) + S2(g)
Agora note que Kc relaciona as concentrações molares (em mol/L) das espécies químicas participantes da reacção. No entanto, os dados fornecidos de cada participante estão em mol, por isso temos que calcular a concentração em mol/L de cada participante primeiro e só depois calcularemos o Kc.
Lembre-se: Concentração em mol por litro ou molaridade (M) é a quantidade de matéria (no de moles) do soluto existente em um litro (1L) de solução.

Dados

n(H2S) = 1 mol
n(H2) = 0,20 mol
n(S2) = 0,80 mol
Volume = 2 dm3 = 2 L

Cálculo das concentrações em mol/L


Cálculo de Kc



Resposta: alternativa: A


5 . Para o equilíbrio químico N2(g) + O2(g) 2NO(g) foram encontrados os seguintes valores para a constante Kc, às temperaturas indicadas:


Temperatura (K)
Kc (10-4)
I
1 800
1,21
II
2 000
4,08
III
2 100
6,86
IV
2 200
11,0
V
2 300
16,9

Há maior concentração molar do NO­(g) em:
A . I
B . II
C . III
D . IV
E . V
Resolução
Analisando a tabela dada podemos ver que o valor da constante de equilíbrio aumenta com o aumento da temperatura, o que significa que a reacção directa é endotérmica e a inversa é exotérmica.
Equação da reacção:

N2(g) + O2(g) 2NO(g)
Para facilitar a compreensão vamos escrever as equações das reacções directa e inversa:
Reacção directa: N2(g) + O2(g) →  2NO(g)
 Reacção inversa: 2NO(g) →  N2(g) + O2(g)

Sabemos pelo Princípio de Le Chatelier que num sistema em equilíbrio o aumento da temperatura favorece a reacção endotérmica, ou seja, desloca o equilíbrio no sentido da reacção endotérmica. Neste caso, a areacção directa (N2(g) + O2(g) →  2NO(g)) é endotérmica, o que quer dizer que com o aumento da temperatura o equilíbrio vai deslocar-se para a direita, neste caso, no sentido de formação de NO.

Se o equilíbrio está deslocado para a direita (sentido de formação de NO) significa que a velocidade da reacção directa e maior que a velocidade da reacção inversa, consequentemente há formação de mais NO, portanto, a concentração de NO aumenta.
Por um lado, a expressão de Kc é: 
Esta expressão mostra-nos que Kc é directamente proporcional ao quadrado da concentração de NO, assim, se Kc é maior, a concentração de NO também será maior.

Resposta: alternativa: E  

Por: Miguel Pascoal

FIM

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