VELOCIDADE DE UMA REACÇÃO
Todas
as reacções químicas ocorrem com velocidades diferentes, algumas são tão
rápidas que ocorrem em fracção de segundos, como por exemplo a explosão dos
fogos de artifício ou de uma bomba e outras são lentas, como o enferrujar
(oxidação) do ferro. Por isso, um dos objectivos da Cinética Química é de expressar
de forma quantitativa a velocidade com que ocorrem as reacções químicas.
Se nos recordarmos, na Física aprendemos que a
velocidade de um corpo é dada pela relação entre o deslocamento de um corpo na
unidade de tempo, portanto, esta velocidade nos indica o quanto de distância
(deslocamento) um corpo percorre em um determinado momento (espaço de tempo).
No entanto, acontece que as reacções químicas não se deslocam de um lugar para
o outro, e agora, como exprimir a velocidade de uma reacção ?
Na
verdade na Química, a velocidade de uma reacção é definida como sendo a
alteração da concentração de um dos reagentes ou produtos, em um intervalo de
tempo em que ocorre a alteração. Para que possamos entender como isso acontece
suponhamos que temos a seguinte reacção: A → B que ocorre num recipiente fechado de 1 L:
Interpretando
os esquemas acima, vemos que no início da reacção (t0 = 0 segundos)
só temos apenas a concentração ou quantidade do reagente A (bolinhas azuis), no
entanto, a medida que o tempo passa a reacção vai ocorrendo, consequentemente o
reagente A vai sendo consumido e por isso a sua concentração ou quantidade
diminui e é justamente por esse motivo que vemos por exemplo que no instante t1
= 10 segundos parte do reagente A se transformou em B (bolinhas vermelhas).
Assim, a medida que a reacção vai ocorrendo o reagente A (bolinhas azuis), vai
transformando-se em B (bolinhas vermelhas) de tal modo que acaba sendo
consumido na totalidade, ou seja, chega um momento onde verifica-se que todo o
reagente A transformou-se em B, como é possível ver no instante t3 =
60 segundos.
Geralmente
essas quantidades ou concentrações são expressas em mol/L usando-se os
parênteses rectos ou colchetes [ ] que contêm a fórmula da substância
considerada. No caso da nossa reacção: A → B, podemos escrever: [A] e [B]. Assim, [A] lê-se
concentração em mol/L de A e [B] lê-se concentração em mol/L de B.
As
variações das concentrações dos reagentes e produtos de uma reacção podem ser
representadas num gráfico. Então para a nossa reacção: A → B, o gráfico é representado a
seguir:
Neste
gráfico é fácil perceber que no início (to = 0 s) só temos a
concentração do reagente A e é por esse motivo que a sua curva começa lá de
cima, pois no início a sua concentração é máxima, porém, com o decorrer do
tempo o reagente A é consumido, portanto, a concentração vai diminuindo e é por
isso que a sua curva
é decrescente. Por outro lado, no início ainda não há produto, e é
por isso que a curva de B começa do zero. Sendo produto, o B, a medida que a
reacção vai ocorrendo ele (o produto B) vai sendo formado, consequentemente a
sua concentração vai aumentando e é por isso que a sua curva é crescente justamente
para mostrar esse aumento da concentração.
Deste
modo, podemos concluir que numa reacção química observa-se a alteração da
concentração de um dos reagentes ou produtos, em um intervalo de tempo em que
ocorre a reacção e isso nos possibilita determinar a velocidade média da reacção.
Velocidade média da reacção
É a variação da concentração (dos
reagentes ou produtos) que ocorre por unidade de tempo.
Assim
podemos escrever:
Dado
que é comum na Matemática usarmos o delta (∆) para indicar a variação, assim
podemos escrever:
Onde:
- ∆ [ ] = Concentração final – Concentração inicial
∆
[ ] = [ ]final – [ ]inicial
- ∆t = tempo final – tempo inicial
∆t
= tfinal – tibicial
Portanto, para a
reacção a seguir:
A → B
Agora consideremos
o exemplo a seguir para mostrar como a fórmula acima pode ser usada:
O estudo da
cinética da reacção: Y + X → Z revelou a seguinte variação da concentração de Z
na unidade de tempo:
Z (mol/L)
|
0
|
10
|
20
|
30
|
Tempo (s)
|
0
|
200
|
450
|
800
|
Determine a velocidade da reacção nos intervalos,
0 a 200 segundos, 200 a 450 segundos e 450 a 800 segundos.
Neste caso
percebemos que nos são fornecidos dados do produto, o Z, então com base nos dados desta tabela vamos
calcular a velocidade da reacção em todos estes intervalos de tempo, para isso
usaremos a fórmula que acabamos de ver acima:
Como se pode ver
a velocidade parece estar a diminuir e de facto isso acontece, pois a
velocidade da reacção não é constante, ou seja, ela varia com o decorrer do
tempo. Isso acontece porque a medida que o tempo passa a reacção vai ocorrendo,
consequentemente, a concentração dos reagentes vai diminuindo e cada vez mais
que a concentração dos reagentes torna-se menor torna-se difícil a reacção
ocorrer assim a reacção torna-se cada vez mais lenta até que chegará um momento
que vai parar.
A seguir vamos
considerar um outro exemplo:
A tabela abaixo
mostra a variação das concentrações de Nitrogénio, Hidrogénio e NH3
na unidade de tempo, durante a produção do Amoníaco:
Tempo (s)
|
[N2]
|
[H2]
|
[NH3]
|
0
|
12
|
36
|
0
|
240
|
6
|
18
|
12
|
A partir dos
dados da tabela vamos calcular a velocidade média da reacção em função de cada um
dos participantes da reacção:
Vimos pela definição de velocidade média que esta é a variação da concentração dos reagentes ou produtos na unidade de tempo, isso significa que usando tanto a variação da concentração dos reagentes ou produtos podemos calcular a velocidade da reacção, e é o que fizemos neste caso, pois calculamos a velocidade da reacção em relação ao Nitrogénio, Hidrogénio e Amoníaco. Contudo, obtivemos valores diferentes da velocidade. No caso dos reagentes, N2 e H2 obtivemos valores negativos e isso está correcto, pois este sinal negativo mostra que a medida que a reacção vai ocorrendo a concentração dos reagentes vai diminuindo. Já para o caso do NH3 obtivemos um valor positivo e isso é lógico já que o NH3 é um produto e a medida que a reacção vai ocorrendo, o NH3 está sendo formado e por isso a sua concentração aumenta.
No entanto, temos
um pequeno “problema”, pois conforme vemos, os valores das velocidades obtidos
não são iguais, o que é óbvio pois os coeficientes estequiométricos da reacção
são diferentes. Dissemos que é um “problema”, pois imaginemos que estamos a
fazer uma prova e cada um decide usar qualquer participante da reacção da
calcular a velocidade, isso faria com que tivemos valores diferentes, então a IUPAC para evitar “problemas” desta
natureza, convencionou introduzir na fórmula do cálculo da velocidade da
reacção, digamos um factor de correcção. Neste caso convencionou-se dividir o
valor da velocidade pelo respectivo coeficiente estequiométrico da substância
de modo a obtermos um único valor, o qual chamaremos de velocidade média da reacção:
Ainda
assim, estes valores continuam sendo diferentes embora o valor absoluto seja
igual. No caso dos reagentes, N2 e H2
os valores ainda são negativos. Portanto, para evitar trabalhar com valores negativos temos
que colocar o sinal menos (-) em frente a ∆ [reagentes], pois como sabemos a
medida que a reacção ocorre, os reagentes vão sendo consumidos e como
consequência a sua concentração diminui. Deste modo, se a concentração diminui,
significa que no fim teremos uma concentração dos reagentes sendo menor que a
concentração inicial, por isso, se formos a calcular a variação da concentração
dos reagentes, ∆
[reagentes] veremos que sempre será um número negativo. Então temos:
No
caso dos produtos não é necessário este ajuste na fórmula uma vez que ∆ [produtos]
é sempre positiva, pois a concentração final é sempe maior que a inicial.
Portanto,
para a nossa reacção inicial: A → B
Temos:
Deste
modo para uma reacção genérica: aA + bB
→ cC + dD
Podemos
escrever:
Ou
também:
Assim,
se pegarmos cada valor da velocidade média que obtivemos anteriormente e
dividirmos pelos respectivos coeficientes estequiométricos teremos um único
valor, o qual chamaremos de velocidade
média da reacção
Assim,
ficamos com:
Assim,
se quisermos calcular a velocidade média da reacção sem especificar a
substância podemos usar a expressão acima de acordo com a IUPAC.
Notas importantes
- A velocidade com que um reagente é consumido também é denominada velocidade de consumo ou desaparecimento
- A velocidade com que um produto é formado denominada velocidade de formação ou de aparecimento
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